A diegese é um dos principais conceitos aprendidos por quem escreve narrativas envolventes para o público.
Preparamos este artigo com referências importantes do tema para te ajudar nesta jornada.

Desvendando a diegese

A diegese é um conceito bem antigo.
Foi citada por Platão, mas difundida mesmo pelos estruturalistas franceses.
Do ponto de vista dos teóricos franceses, a diegese é o espaço e o tempo onde as relações da narrativa se constroem e se tornam coerentes, ainda que estejamos falando de um universo fantasioso.

Neste acordo entre narrativa e público não existe descrença ou absurdo, pois a história apresenta seus próprios conceitos e leis.
É por causa disso que podemos ficar algumas horas dentro de um universo fantasioso e não se sentir enganada pelos fatos apresentados na tela.
Afinal de contas, se no universo das personagens é permitido que carros falem, os automóveis podem citar Shakespeare sem problema nenhum.


Vamos usar aqui o filme Mulan (1998) para explicar de outra forma esse assunto.
É muito difícil que ao assistir esse filme que você fique pensando sobre a irrealidade de um dragão conversar com algumas estátuas de pedra.
Pelo contrário, você aceita esta “verdade” como uma regra fundamental para o desenrolar da narrativa.

Para essa façanha de ignorar o “irreal” e tornar essas relações legítimas, nós damos o nome de diegese.

Imagem de um megafone sobre um fundo rosa representando o poder do discurso no universo da narrativa: a diegese.
A diegese pode ser entendida como o espaço e o tempo onde as relações da narrativa se legitimam.

O universo diegético também pode ser exemplificado da seguinte forma:
Se estamos escrevendo um roteiro e colocamos uma cena onde a personagem escuta uma música no rádio do carro, essa canção é diegética.
Ela pertence ao espaço e ao tempo da ficção.

Caso o rádio esteja desligado, mas a trilha sonora foi colocada para ambientar a cena, dizemos que a música é externa à diegese.

Agora, se enquanto dirige, a personagem está reflexiva e conseguimos ouvir os pensamentos dela, temos um recurso meta-diegético acontecendo.

Presença da voz narrativa na ação

No livro Discurso da Narrativa (1972), o crítico francês Gérard Genette comenta que existem vários tipos de narrador.
A classificação que ele faz é a seguinte:

Narrador autodiegético: É a narradora de primeira pessoa que conta uma ação que envolve a si própria.
Neste caso, a narradora também é a personagem principal ou protagonista.
Trata-se, portanto, de uma narrativa autobiográfica ou de um romance autobiográfico.

Narrador homodiegético: É a narradora de primeira ou de terceira pessoa que, por não ser a personagem principal da história, narra os acontecimentos ligados à trama.
Se esta narradora estiver presente na ação dramática, poderá ser também uma personagem secundária.

Narrador heterodiegético: Aquele que por não fazer parte da história, narra os acontecimentos.

Agora que você aprendeu o que é a Diegese, vale a pena revisitar seus textos e verificar se você já usou os exemplos que citamos acima.
Afinal de contas, aprendemos mesmo sobre roteiros de cinema quando escrevemos um pela primeira vez ou quando estamos “tratando” as versões seguinte da nossa narrativa.

Se você gostou desse texto sobre Diegese e quer conhecer mais os nossos conteúdos gratuitos de Roteiro Cinematográfico, não deixe de conferir os artigos que selecionamos para você aqui embaixo.

Imagens: Freepik.

Privacy Preference Center