Hoje, como os movimentos de câmera fazem parte de filmes, séries e até novelas, muitas vezes não percebemos a importância da “tomada de consciência da câmera”.
No entanto, ela foi vital para o desenvolvimento de uma “linguagem cinematográfica”, trazendo mais dramaticidade e interação entre os elementos da narrativa.
Um dos pioneiros no uso dos movimentos de câmera no cinema foi o diretor estadunidense D. W. Griffith (1875-1948) e desde então, novos movimentos são inventados com frequência.
Quando uma câmera se movimenta, o público não só percebe uma mudança no enquadramento, mas também a possibilidade de participar ativamente da cena.
A seguir, você confere os principais movimentos de câmera que revolucionaram e ampliaram a linguagem cinematográfica e que são utilizados até hoje.
Movimento de câmera que faz o reconhecimento da cena
A panorâmica ou “pan” é um tipo de enquadramento cuja movimentação acontece sobre o seu eixo.
Ela pode ser feita em vários sentidos: para cima, para baixo, para a direita, para a esquerda, ou obliquamente.
No set de gravação é comum chamarmos o movimento realizado no eixo horizontal de panorâmica ou de panning e o movimento na vertical de tilt.
Quando o movimento da “pan” é muito rápido, dando a impressão de que as imagens intermediárias estão “borradas” damos o nome de chicote.
Em inglês, chamamos de swish pan e em espanhol, dizemos barrido.
A panorâmica pode ser lida como o movimento do reconhecimento de campo, sendo bastante utilizada nos filmes de faroeste, por exemplo.
Movimento que passeia com a câmera
Do inglês (to) travel, que quer dizer viajar, este movimento de câmera se constitui como um passeio na cena.
No geral, ele acontece em qualquer direção fora do eixo, realizado por meio de maquinários ou pela própria mão da operadora.
Nos estúdios profissionais, o “trav” é feito das mais variadas formas:
- por meio de um trilho, que também recebe o nome de travelling e serve para uniformizar o movimento;
- por um tripé em cima de uma estrutura com rodinhas, a famosa dolly;
- por dois trilhos, o slider;
- por dois trilhos e rodas, o slider travelling dolly;
- por sua versão de maior portabilidade, chamada de twiddle;
- por meio da grua, um sistema de guindaste com uma câmera em uma das extremidades e, do outro lado, pesos;
- pela steadicam.
A stedicam é um dos aparelhos mais icônicos já criados para a execução do movimento.
Conta-se que o cinegrafista estadunidense, Garrett Brown, inventou a steadicam para ser utilizada pela primeira vez nas gravações de Rocky, um lutador (1976).
Esse equipamento funciona em contato com o corpo da operadora, facilitando a movimentação e estabilização da câmera.
Por ser um movimento que acompanha o desenrolar da ação, o uso do travelling pode ser interessante em cenas de perseguição ou no desenvolvimento de uma situação dramática relevante.
O travelling óptico
Este movimento acontece quando trabalhamos com uma objetiva do tipo Zoom.
Quando você mexe o anel da objetiva para se aproximar do assunto, temos o zoom-in.
Já quando ela se afasta, produz-se o zoom-out.
A sensação que este tipo de movimento causa nas espectadoras é a de atenção redobrada ou distanciamento, uma vez que a câmera pode chegar bem perto ou mais longe dos elementos que compõem a narrativa.
Todos esses movimentos que falamos ali em cima podem ser combinados entre si.
Nossa dica final é que um bom roteiro e uma boa captação dependem da sensibilidade e da capacidade técnica das profissionais envolvidas.
Executar estes movimentos com destreza requer muito tempo e prática.
Para te ajudar, analise e faça uma divisão dos planos, cenas e sequências para saber qual o melhor momento de utilizá-las a favor da sua história.
Se você gostou do nosso texto sobre movimentos de câmera, recomendamos também os artigos abaixo para continuar seus estudos.
Imagens: Freepik