Em primeiro lugar, vamos ao começo desta história.
O surgimento da primeira claquete é bastante incerto.
Atribuem a invenção do objeto ao australiano Francis William Thring, que dirigia os Estúdios Efftee em Melbourne, nos anos 1920 e 1930.

Essa primeira claquete, ainda bastante rudimentar, era composta por duas peças de madeira articuladas.
A criação de um instrumento como esse significou um grande avanço na produção audiovisual na época.
Acredita-se que a forma como conhecemos hoje se tornou usual a partir de Hollywood.
A grande sacada foi unir, em um só os pedaços articulados e a lousa com os dados da gravação.

A claquete digital

Já a claquete eletrônica (digital slate ou smart slate) também chamada de claquete digital foi patenteada pelo estadunidense Matthew L. Davies, em 1995.
Ela possui o timecode sincronizado com a câmera e gravadores de som.

Em outras palavras, os registros do timecode da claquete, aqueles números em LED que indicam um código de tempo, batem com os registros de timecode dos equipamentos de áudio e vídeo.
Dessa maneira, com o uso desse tipo de equipamento a batida da claquete tornou-se praticamente desnecessária.

No entanto, como o gesto de bater a claquete não demanda mais recursos ou tempo, a prática ainda é adotada em muitos lugares que utilizam as claquetes digitais.

Imagem de uma claquete em um ambiente de gravação.
Neste artigo, você vai aprender a preencher corretamente os dados da claquete.


Mas o que significam aqueles nomes na claquete?

Primeiramente, devemos preencher os campos básicos do equipamento.
Como a claquete deve ser posta e cantada – isto é, lida em voz alta – logo no início do vídeo é essencial que ela contenha todas as informações da cena.
Essas nomenclaturas podem variar de uma para outra. Contudo, significam a mesma coisa.
A seguir, você confere os principais termos:

  • Produção: nessa parte, colocamos o nome do material a ser gravado.
  • Diretora ou Diretor: escreva o nome da pessoa responsável pela gravação.
  • Câmera: nesse ponto, coloque o nome da pessoa que irá operar a câmera.
  • Rolo (roll): essa informação era extremamente pertinente quando se gravava em película. Servia para indicar em qual rolo estava a cena filmada. Uma adaptação possível é colocar o número do cartão de memória gravado. Por exemplo: 1CAM.
  • Cena (scene): nesse campo, coloque o número da cena que consta no roteiro.
  • Take (tomada): aqui, você preenche toda vez que repetir a tomada.

Vale lembrar que o ideal é que ela já esteja no segundo inicial da gravação para que a editora consiga identificar os takes com muita facilidade.
Outra dica importante é nunca bater a claquete com força quando formos gravar um plano mais fechado com uma pessoa, já que o barulho pode atrapalhar na concentração da profissional.


Detalhes da cena

Já no canto inferior da claquete, você ainda encontra os seguintes campos para preenchimento:

  • Dia (day): Se a gravação aconteceu durante o dia, circule essa opção.
  • Noite (night): Se a tomada foi feita a noite, circule essa opção.
  • Interna (int): Essa indicação serve para sinalizar que a gravação aconteceu dentro de um ambiente fechado, com paredes.
  • Externa (ext): Essa informação demonstra que a gravação aconteceu em um lugar aberto.
  • MOS (“motor only sync”, “motor only shot” ou “mit out sound”): Significa que a cena não tem captação de áudio do ambiente. Portanto, nesse caso, não será necessário sincronizar áudio gravado com a fala da personagem. O acrônimo MOS também pode significar “mude on sound”, “muted on screen” e “mic off stage”.
  • Sincronizado (Sync): Ao contrário do MOS, a Sync significa que será necessário achar o mesmo ponto no gravador de áudio e no áudio da câmera, para executa-lo ao mesmo tempo.
  • Filtro (filter): Indica que a gravação foi realizada do uso de filtro. Esse acessório é necessário, às vezes, para produzir uma imagem mais técnica ou artística.

imagem de uma claquete, instrumento recorrente nas produções audiovisuais, com a marca da Margô Filmes no topo.
Para mais dicas sobre Gravação de Vídeos,
confira nossos textos selecionados abaixo.


Uma observação importante:

Existem vários modos de identificar as tomadas.
O modelo brasileiro é inspirado no europeu e adotado por muitos países da América Latina.
Aqui, cantamos a claquete da seguinte forma: um número para a cena, outro para o plano e um terceiro para a tomada.
Por exemplo, “cena 2, plano 3, tomada 2 (lê-se tomada dois ou segunda)”.
Entretanto, o modelo estadunidense utiliza a lógica de que toda cena pode ser rodada em um único plano (master), que registra a cena em uma posição.
Dessa maneira, quando são feitos outros planos (enquadramentos) de uma mesma cena, o material a ser gravado irá receber uma letra depois do número da cena. Por exemplo, Cena 2A, tomada, 1.


Como usar uma claquete sem comprar uma?

Acredite: a falta de grana para investir em uma claquete não é uma boa desculpa para deixar de organizar o seu material.
A prova disso é que existem bons aplicativos gratuitos no mercado para substituir a placa de acrílico na hora de apertar o REC.
Aqui estão alguns dos mais interessantes na versão Android: Mark, Clapperboard e o Ciak.
Por fim, outra forma de substituir o ruído característico da claquete é o ato de bater uma palma depois de apertar o REC.


Supreendentemente, existem muitas maneiras corretas e baratas de produzir em audiovisual. Acesse a Margô Filmes e confira alguma delas!


Fonte das imagens: Macrovector e Freepik.