Recentemente, falar do tema fotografia de rua sem citar o nome da estadunidense, Vivian Maier (1926-2009), é quase impossível.
Maier produziu mais de 100 mil negativos sobre o cotidiano da cidade com a sua câmera Rolleiflex a tiracolo e é uma artista que merece ser estudada e reverenciada.

Observadora arguta e silenciosa, a fotógrafa é referência em matéria de composição e espontaneidade. Pensando nessa possibilidade, resolvemos criar este artigo com bases nos ensinamentos que as fotografias de Vivian Maier propiciam a quem deseja se lançar à fotografia de rua, também chamada de street photography.

ilustração de uma câmera rolleiflex, tal qual Vivian Maier usava

Fotografia de rua: o que saber antes de clicar?

Uma das principais dicas para quem está começando a se aventurar pela fotografia de rua é deixar que as coisas aconteçam da maneira como elas costumam ser.
Ao contrário do estúdio, onde a maioria das situações estão sob controle, na rua o número de momentos adversos é infinitamente maior. Por isso, se a fotógrafa souber identificar as oportunidades ao invés de ignorá-las, produzirá um trabalho com muito mais qualidade.

Como isto acontece, na prática?
Às vezes, os elementos lidos como indesejáveis, isto é, as multidões, as várias fontes de iluminação ou os carros são os responsáveis por ‘salvar uma foto’. Isso acontece porque eles provocam estranhamento, comoção ou identificação no público.
Se em estúdio, podemos fazer uma cena repetidas vezes, nem sempre isto será possível na rua. Por isso, você precisa ser paciente e objetiva para registrar as coisas que acontecem na frente da sua lente. Ou seja, em grande parte dos casos, você tem apenas um clique para passar a sua mensagem.

Experimente também unir o espaço ao assunto da foto, as formas arquitetônicas que compõem a cidade sempre saltam aos olhos e nos ajudam a construir narrativas interessantes. Quando fotografar pessoas desconhecidas, seja gentil e atenciosa com todas. Afinal, nem todo mundo se sente à vontade para posar na frente de estranhas.

Imagem de uma fotógrafa com uma câmera ao lado da seguinte frase: se a fotógrafa souber identificar as oportunidades ao invés de ignorá-las, produzirá um trabalho com muito mais qualidade do que se tivesse rejeitado a primeira ideia logo de cara. Esta imagem representa o artigo da Fotografia de rua.

Quais equipamentos eu devo levar?

Neste quesito também podemos aprender com Vivian Maier. Na hora de fotografar na rua, deixe de lado a variabilidade de distâncias focais (presentes nas objetivas zoom) e priorize a rapidez e a disposição das objetivas fixas para enfrentar as variações de intensidade de luz (clique aqui para ler nosso artigo sobre o tema). Chamadas de claras ou rápidas, as tais lentes prime, possuem maior abertura de diafragma. Em outras palavras, são ideais para registrar situações espontâneas e ligeiras.

Outra dica valiosa é experimentar fotografar com equipamentos menores: celulares, câmeras compactas e até as cobiçadas mirrorless.
Além de mudarem a relação entre pessoa fotografada e fotógrafa, algumas delas conseguem passar desapercebidas por muitas.
Tal qual Vivian Maier, teste filtros e filmes em preto e branco (p&b) e coloridos. Às vezes, uma ideia ganha mais força com matizes, outras vezes não  – o lance é trabalhar a sua sensibilidade.

Câmera mirrorless, uma máquina fotográfica sem espelho

Você já parou para pensar se vale a pena colocar todo o seu equipamento na rua sem um seguro? Eu diria que não, então se dedique a enquadrar a cidade com o auxílio de equipamentos mais baratos. Se você encontrar uma câmera analógica (ou convencional) por um bom preço, melhor ainda!

Por fim, deixe o tripé em casa. Sair com um monte de apetrechos só te faz perder tempo e ânimo ao fotografar. Uma das principais características deste tipo de ensaio é a mobilidade da fotógrafa, que captura imagens sob perspectivas inesperadas. Seja como for, experimente tudo o que for possível na fotografia de rua!

Fonte das imagens: Freepik.